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Correio Braziliense | Rede bolsonarista impulsionou a ultradireita nas eleições em Portugal
Escrito em 14 de março de 2024

Foto: picture-alliance/dpa

O levantamento realizado pelo diretor de Análises e Estudos Temáticos do DX, João Guilherme dos Santos, é destacado em matéria do Correio Braziliense sobre a influência da rede bolsonarista no impulsionamento da ultradireita nas eleições em Portugal.

 

Rede bolsonarista impulsionou a ultradireita nas eleições em Portugal

por Vicente Nunes

A rede de bolsonaristas nas plataformas digitais teve papel importante no impulsionamento da ultradireita nas eleições de Portugal no último domingo (10/03). O engajamento de brasileiros rendeu ao Chega as melhores audiências entre os vídeos sobre a disputa eleitoral postados no YouTube e garantiu forte repercussão no X (antigo Twitter).

É o que mostra levantamento realizado por João Guilherme dos Santos, diretor de estudos temáticos do Instituto Democracia em Xeque. “Houve vídeos em que as visualizações passaram de 1 milhão, o que, para Portugal, é uma enormidade” afirmou.

Segundo o pesquisador, o Chega, que quadruplicou a bancada de deputados na Assembleia da República, montou uma estrutura de comunicação nas redes sociais muito semelhante às verificadas no Brasil, com Jair Bolsonaro, e nos Estados Unidos, com Donald Trump.

“Tudo tem um estratégia muito bem pensada. As falas de André Ventura na Assembleia da República são todas feitas para que possam ser utilizadas nas plataformas, sempre com títulos chamativos. E tem dado resultado. O canal do Chega teve seis entre os 10 vídeos mais acessados durante as eleições”, explica.

Para João Guilherme, a presença do partido de extrema-direita nas redes sociais é desproporcional a das demais legendas, que ainda precisam mergulhar mais no mundo digital. Ele diz que foi possível ver um certo destaque do Livre, que fez quatro deputados, e do Bloco de Esquerda, com 5, mas a distância em relação ao Chega é muito grande.

Na avaliação do estudioso, a vantagem de Portugal em relação ao Brasil é que há espaço para que as demais forças políticas, sobretudo, a Aliança Democrática (AD), que deve assumir o governo, e o Partido Socialista (PS), o maior derrotado nas urnas, possam se estruturar para competir de igual para igual com o Chega.

“No Brasil, há uma constelações de canais da extrema-direita, inclusive na televisão, e muitos influenciadores. “Já em Portugal, isso não existe. Portanto, as outras forças políticas têm espaço para criar suas redes e buscar engajamento maior. O resultado não é instantâneo, mas pode aparecer”, enfatiza.

Outro ponto importante constatado no levantamento do Instituto Democracia em Xeque foi a frequência com que as buscas do YouTube sobre as eleições em Portugal levavam a postagens do Chega e de André Ventura. Não se pode dizer que foi algo direcionado, mas, certamente, não foi pura coincidência.

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