César Felício | 24 de setembro de 2025

A demonstração de força da esquerda nas ruas no último domingo precisa ser relativizadacom a comparação de sua fraqueza ante à direita nas redes e fora deles ao longo da últimadécada. A direita—nas suas duas vertentes, bolsonarista e não-bolsonarista—proporcionouà esquerda um vento de cauda, ao juntar no mesmo balaio a PEC da blindagem e orequerimento de urgência para o projeto que pode anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O vento de cauda, na definição da Agência Nacional de Aviação Civil é o vento que soprana mesma direção que aquela em que o objeto está se movendo, circunstância quepermite “o cruzamento mais seguro de topos e picos montanhosos a altitudes relativamentebaixas e em condições de turbulência ou vento forte”. Parte da opinião pública que semantinha em casa por horror à polarização se sentiu motivada a protestar diante doapanágio à impunidade votado pela Câmara. Do contrário o público seria dez vezes menor.“Não era só esquerda”, comentou a esta coluna o senador Paulo Paim (PT-RS), o maisveterano esquerdista no Congresso.

Um forte indício do vento de cauda está em um levantamento feito pelo Instituto Democracia em Xeque, a pedido desta coluna. O DX, mediu como a anistia, uma bandeira nestemomento do chamado “campo conservador” foi apropriada nas redes sociais no fim dasemana passada pelo dito “campo progressista” ( a terminologia é do instituto , não dacoluna). A apropriação do termo se deu entre 20 e 21/9, na sequência de uma onda da militância digital que martelou entre 17/9 e 19/9 “PEC da Blindagem” e “PEC daBandidagem”, para se referir à proposta que estende a imunidade parlamentar paramatérias criminais e cíveis.

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